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RAIO DE EXTINTA LUZ

NADIR AFONSO: PINTURA E ESTUDOS ESPARSOS

RAIO DE EXTINTA LUZ

NADIR AFONSO: PINTURA E ESTUDOS ESPARSOS

Sex | 13.04.07

Nadir Afonso - Espacillimité

Laura Afonso

A evolução da arte foi dirigida, até aos nossos dias, no sentido das harmonias estáticas das formas; isto não quer dizer que não poderá empreender uma orientação dinâmica - no verdadeiro sentido da pala­vra - integrando as leis rítmicas do tempo, ensaiando articular as harmonias espa­ciais nas harmonias temporais, isto é, tentando animar, mediante um processo técnico cinematográfico, as composições de arte plástica: não teríamos assim unicamente uma imagem, mas uma sucessão de imagens regidas por leis rítmico-geométricas. A verdadeira arte cinética é esta tentativa.

 

Toda a obra cinética cujo movimento das formas é metrisado por uma sensibilidade desenvolvida neste sentido, isto é, por uma sensibilidade geométrica conjugada a uma sensibilidade rítmica, parece-nos ar­tisticamente válida. Enquanto o movimento permanecer arbitrário (em certos ensaios cinéticos as formas deslocam-se ao acaso ou segundo o gosto dos espectadores), nós estaremos em face de manifestações originais sem relação com a realidade especí­fica da arte.

 

Por volta de 1950, uma primeira tentativa de promover uma Arte Cinética foi diligenciada por um grupo de artistas ligados à Galeria Denise René. Os problemas téc­nicos suscitados e a oposição dos conceitos pessoais então manifestados levou o movimento colectivo a um ponto morto; cada qual entendeu vencer ou melhor, contornar as dificuldades à sua maneira.

 

As composições "Espacillimité" nasceram desse isolamento sequente. Trata-se sobre­tudo aqui, de respeitar as leis dos espaços e dos ritmos matemáticos. O quadro ci­nético "Espacillimité" foi nesse caminho o nosso primeiro trabalho.

 

Não escondemos o "impasse" em que os obstáculos colocam a execução prática duma o­bra verdadeiramente cinética a nosso ver a noção rítmica do movimento não pode ser atingida senão pela "sugestão" do movimento, e a "sugestão” técnica do movimento não pode ser dada senão pela cinematografia - nada menos de dezasseis imagens con­troladas por segundo. Deste modo, a hist6ria da arte cinética tem sido acima, de tudo, a história duma procura material e prática capaz de solucionar um problema que é antes e sobretudo de carácter técnico.


        © Nadir Afonso

Qui | 12.04.07

Nadir Afonso

Laura Afonso


 

Nadir Afonso

Biografia cronológica 

1920 - Nadir Afonso Rodrigues nasce em Chaves em 4 de Dezembro, filho de Artur Maria Afonso e de Palmira Rodrigues.

1924 - Pinta com tinta encarnado um círculo perfeito na parede da sala de casa.

1934 - Primeiros trabalhos a óleo.

1938 - Com 17 anos, ganha o 2º prémio do concurso «Qual o mais belo trecho da paisagem portuguesa?». Matricula-se em Arquitectura na Escola de Belas-Artes do Porto.

1940 - Realiza as primeiras exposições como aluno da Escola de Belas-Artes participando em todas as exposições do Grupo dos Independentes até 1946.

1943 - O fenómeno da óptica que sempre o apaixonou revela-se e redige os primeiros estudos.

1944 - A participação de Nadir Afonso na 9ª Exposição de Arte Moderna em Lisboa (SNI) entusiasma a crítica. Período surrealista.

1945 - Participa numa missão estética em Évora sob orientação de Mestre Dordio Gomes onde pinta «Évora surrealista» Com apenas 24 anos de idade, a obra «A Ribeira» de Nadir Afonso dá entrada no Museu de Arte Contemporânea de Lisboa. Período irisado

1946 - Nadir Afonso parte para Paris. Matricula-se na Écoles des Beaux-arts de Paris. Por intermédio de Portinari, obtém uma bolsa de estudo de governo francês. Começa a sua colaboração com Le Corbusier.

1947 - Le Corbusier concede-lhe as manhãs para pintar sem descontar no ordenado. Inicia o seu período Barroco. Serviu-se durante algum tempo do atelier de Fernand Léger.

1948 - Defende tese na cidade do Porto — «A Arquitectura não é uma Arte» — com um projecto executado em Paris sob a orientação de Le Corbusier. Inicia o período egípcio.

1949 - Trabalha na Normandia na reconstrução de cidades destruídas pela guerra. Período egípcio. Exposição na Galeria Fantasia Porto

1950 - Volta a colaborar com Le Corbusier.

1951 - Parte para o Brasil, onde inicia colaboração com Óscar Niemeyer designadamente no projecto do IV Centenário da Cidade de S. Paulo.

1954 - Regressa a Paris onde retoma contacto com os artistas orientados na procura cinética e desenvolve os seus estudos que denomina de «Espacillimité». Intercala períodos em que trabalha na arquitectura com períodos que se dedica exclusivamente à pintura.

1956 - Exposição na galeria Denise René, Paris. Investigação estética na Universidade de Paris.

1957 - Exposição na galeria Denise René, Paris.

1958 - Exposição  no Salon des Réalités Nouvelles, Paris. Publica «La Sensibilité Plastique», Presses du Temps Présent, Paris.

1959 - Exposição na Maison des Beaux-arts, Paris. Exposição Galeria Divulgação, Porto. Nadir Afonso realiza para Candilis os planos de Bagnols-sur-Cèze, cidade relacionada com o centro atómico de Marcoule,  e plano de Balata, na Martinica.

1961 - Trabalha na Arquitectura em Chaves e Coimbra. Exposição no SNI, Lisboa.

1963 - Exposição na Escola de Belas-Artes do Porto. Representa Portugal na Bienal de S. Paulo.

1965 - Para Candilis realiza os plano de Agadir. Nadir Afonso abandona definitivamente a Arquitectura e consciente da sua inadaptação social e da sua dificuldade de integração no meio artístico português refugia-se pouco a pouco num grande isolamento para se consagrar inteiramente à criação da sua obra.

1966 - Exposição na Cooperativa Árvore no Porto.

1967 - Prémio Nacional de Pintura.

1968 - Exposição no SNI Lisboa. Bolseiro da Fundação Gulbenkian em Paris. Fernando Guedes publica «Nadir Afonso». Verbo, Lisboa.

1969 - Prémio Amadeo Souza-Cardoso. Representa Portugal na Bienal de S. Paulo.

1970 - Publica «Mécanismes de la Création Artistique», Editions du Griffon, Neuchâtel, Suíça (publicado em edição francesa, inglesa e alemã). Exposição no Retrospectiva no Centre Culturel Portuguais da Fundação Calouste Gulbenkian em Paris. Mesma retrospectiva em Lisboa na Fundação Calouste Gulbenkian. Exposição Centre de Culture TPN, Neuchâtel, Suíça

1971 - Exposição Galeria Buchholz, Lisboa.        

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1972 - Exposição Galeria Alvarez, Porto.

1974 - Exposição Selected Artists Galleries, Nova Iorque. Publica Aesthetic Synthesis, Edições Alvarez em colaboração com Selected Artists Galleries de Nova Iorque.

1975 - Exposição Galeria Dois, Porto. Exposição Galeria Quadrum, Lisboa.

1976 - Exposição Art-Service Galerie, Paris.

1978 - Exposição Galeria Tempo, Lisboa. Galeria Art-Service, Paris. Museu da Região Flaviense.

1979 - Exposição Galeria S. Mamede, Lisboa. Exposição Galeria Tempo, Lisboa. Exposição Galeria Jornal de Notícias, Porto. Exposição Galeria Dois, Porto. Exposição Fundação Gulbenkian, Paris.

1980 - Exposição Galeria Quadrum. Lisboa.

1981 - Exposição Museu Proença Júnior, Castelo Branco. Exposição Galeria S. Mamede, Lisboa.

1982 - Exposição Galeria S. Mamede, Lisboa. Membro da Academia Nacional de Belas-Artes.

1983 - Exposição Cooperativa Arvore, Porto. Publica «Le Sens de l'Art», Imprensa Nacional, Lisboa.

1984 - Exposição Galeria S. Mamede, Lisboa. Exposição Galeria Gilde, Guimarães. Condecorado pelo Presidente da República General Ramalho Eanes com a ordem Militar de Santiago de Espada.

1985 - Exposição Galeria Bertrand, Lisboa. Exposição Galeria S. Pedro, Amarante. Exposição La Madraza, Granada.

1986 - Exposição Embaixada de Portugal, Brasília. Exposição Cooperativa Árvore, Porto. Exposição Pousada de Santa Marinha, Guimarães. Publica Monografia Nadir Afonso Bertrand Editora, Lisboa. Os CTT apresentam selo com obra de Nadir Afonso.

1987 - Exposição Galeria Bertrand, Lisboa. Exposição Galeria Quadrado Azul, Porto.

1988 - Exposição Museu Souza-Cardoso, Amarante. Exposição Galeria Art-Service, Paris.

1989 - Exposição Galeria Quadrado Azul, Porto.

1990 - Exposição Galeria Y Grego, Lisboa. Publica «Da Vida à Obra de Nadir Afonso», Bertrand Editora, Lisboa.

1991 - Exposição Galeria Art-Service, Paris. Exposição Galeria Quadrado Azul, Porto.

1992 - Exposição Galeria Y Grego, Lisboa.

1993 - Exposição Museu da Região Flaviense, Chaves. Dado o nome de Nadir Afonso a Escola 2+3 em Chaves. Sobre Nadir Afonso foi realizado um filme da autoria de Jorge Campos para a Radiotelevisão Portuguesa. 

1994 - Exposição Galeria Art-Service, Paris, Paris. Exposição Galeria Dário Ramos, Porto. Publica Monografia Nadir Afonso, Bial, Porto.

1995 - Exposição Cooperativa Árvore, Porto.

1996 - Exposição Galeria Neupergama, Torres Novas. Exposição Galeria Art-Service, Paris. Realiza painéis para a estação dos Restauradores do Metropolitano de Lisboa. 

1997 - Exposição Galeria António Prates

1998 - Publica Monografia «Nadir Afonso», Livros Horizonte.

1999 - Nadir Afonso publica «O Sentido da Arte», Livros Horizonte, Lisboa. Publica «Obra gravada», Edições Coelho Dias

2000 - Exposição Centro Cultural da Câmara Municipal de Estarreja. Publica Universo e o Pensamento, Livros Horizonte, Lisboa. Publica «O Porto de Nadir», Edições Coelho Dias, Lisboa.

2001 - Exposição Centro Cultural de Cascais.

2002 - Exposição Galeria São Mamede. Exposição Centro Cultural da Câmara Municipal de Ovar. Nadir Afonso publica «Van Gogh», Chaves Ferreira Publicações, Lisboa — escolhido para melhor livro de Arte na Feria do Livro de Frankfurt de 2003 e seleccionado para figurar no Museu do Livro em Leipzig.

2003 - Exposição Centro Cultural da Deputation de Orense, Espanha. Exposição e Artista homenageado na 25ª edição da Bienal Internacional de Vila Nova de Cerveira onde apresenta uma exposição antológica. Publica «O Fascínio das cidades», Câmara Municipal de Cascais. Publica «Da intuição artística ao raciocínio estético», Chaves Ferreira Publicações, Lisboa.

 2004 - Artista homenageado na 2ª Feira Internacional do Estoril e a atribuição do Prémio Nadir Afonso. Exposição Centro Cultural de Bragança

 2005 - Exposição Fórum Cultural de Ermesinde. Exposição Centro Português de Serigrafia

 2006 – Exposição Galeria S. Mamede, Porto. Exposição na Biblioteca Municipal de Chaves. Exposição de Tapeçarias de Portalegre realizadas a partir de trabalhos de Nadir Afonso.

2007 -  A companhia de Teatro «O Bando» apresenta a peça «A linha da Viagem – um conto coreográfico em Terras de Nadir» de Madalena Victorino. Exposição de gravura na Galeria do Casino do Estoril. Exposição de gravura na Casa das Artes de Vila Nova de Famalicão. Exposição na Galeria António Prates onde são apresentadas duas telas de grande dimensões. Os CTT – Correios de Portugal editam selos com obras de Nadir Afonso.

 

Está representado em Museus de Lisboa, Porto, Amarante, Rio de Janeiro, S. Paulo, Budapeste, Paris (Centre Georges Pompidou), Wurzburg, Berlim entre outros.